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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Islamização à brasileira.

Aos muçulmanos, perdoem-me.

Não achei outro verbo para definir o título acima.

Numa dessas lidas nas redes sociais, presenciei um compartilhamento de um usuário da rede num grupo que participo. Ao que parecia, mas que verdade era, nada menos uma espécie de cartilha sugestiva de comportamento do homem perante a mulher.

Aos leitores, procurarei desmistificar cada item dessa "cartilha" apresentada:

Dicas de homem pra homem:

- Atravessar a rua pra evitar cruzar com uma mulher a noite, ficando num campo de visão que ela possa te ver e saber que você está lon...ge

Ai estaríamos descaracterizando a ideia de que a rua é pública, certo? se uma mulher pode muito bem andar ela onde quiser, porque o homem terá que se privar disso enquanto ela passar?

- Andar mais devagar e dar tempo para que ela possa se afastar de você na rua

Por que homem teria a obrigação de controlar seus passos em função de uma desconhecida? Porquê é mulher?

- Não ficar olhando fixamente para uma mulher em qualquer lugar, em qualquer horário

Estes que fazem isso são os autênticos estupradores. O meliante visa a vitima, fazendo uma breve analise, antes de praticar o ato. Desculpe, areia vendida no deserto.

- Numa abordagem, caso necessário, seja calmo e fique distante, para que ela veja todo seu corpo, se está armado ou não

Genial. Convence agora os assaltantes, que andam camuflados com seus revolveres em suas roupas, bem vestidos.

- Intervir caso veja qualquer tipo de assédio vindo de outro homem, seja na rua, no transporte ou no trabalho - a não ser que ela claramente não precise de ajuda.

E sorte se este desconhecido não estiver armado. Quem arrisca?

- Não compartilhar, em grupos de wpp ou facebook, vídeos e fotos íntimas de mulheres. E recriminar os amigos pelo mesmo motivo, explicando que estão contribuindo com a exposição daquela pessoa.

A ideia da intimidade é justamente a privacidade, e não publicidade. Uma vez publicada, qualquer teor intimista ela perde o significado, permitindo que muitos tenham acesso. Na duvida, às mulheres, usem a intimidade para vocês.

- Recriminar os amigos em relação a qualquer atitude abusiva na balada, faculdade etc

Certo. Mas prefiro recriminar a balada, por exemplo, que dá entrada e bebida grátis para as mulheres.

- Não se omitir caso seja necessário testemunhar a favor de alguma mulher ou até mesmo brigar por ela

E se ao contrário fosse?

- Não silenciar ou interromper mulheres. Nem falar mais alto, gritar ou insinuar que ela está louca.

Somente o primeiro período já da entendimento que isso e comportamento mal-educado. Novamente areia vendida no deserto.

- Se o ônibus/trem/metrô estiver vazio, não se sente ao lado de uma mulher. Não se sente nem próximo a ela.

Novamente a tentativa de descaracterização do bem público. Em São Paulo, no metrô, há vagões exclusivos para mulheres. Nem assim, o problema dos assédios resolveu. Acredita mesmo que o problema se resolve se não sentar simplesmente perto de uma mulher?

- Se você presenciar um assédio no transporte público, não se omita. Intervenha e ajude a mulher.

Areia vendida no deserto.

- Não deixar de separar uma briga só por ser briga de casal.

Não deixar de separar uma briga só por ser briga de qualquer outro ser humano. Advinha o que esse item tá vendendo no deserto?


Você pode ser o cara mais pacífico e cordial do mundo, mas, na rua, na balada, no dia a dia, nenhuma mulher sabe disso. Praticar tudo isso no cotidiano já ajuda muito.

Homens podem muito bem praticar nada disso e ser cortês e cavalheiro. Um gesto educado, um bom dia, uma boa tarde e uma boa noite e um SORRISO derruba quaisquer muros de relações humanas interpessoais.

Comunicação é tudo. Educação também. E não será qualquer cartilha que moderará isso.

Valeu a tentativa...

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